leonardo Corre o mês de Junho do ano 1860. As ruas de Palermo ainda estám cruzadas por barricadas e entulho que lembram os feros combates das jornadas de Maio, quando os voluntários garibaldinos e os patriotas sicilianos confrontaram e derrotaram as tropas da tirania borbônica. Nesses dias chega à capital da ilha um novo voluntário para se somar ao combate pola definitiva emancipaçom do Reino de Nápoles. Um home de curtíssima estatura, moreno, com bigode e barba de chivo. Viste umha camisa vermelha coma a dos seus correligionários chegados de toda a Itália, mas ele vem de muito mais longe. O seu nome é Leonardo Sánchez Deus, natural de Santiago de Compostela. Nascido por volta do 1835. É na cidade que o veu nascer onde adire às ideias revolucionárias. Leonardo é umha das pessoas que assiste ao Banquete de Conxo em 1854, o famoso acto de confraternizaçom de estudantes e artesans que tanto pavor causa nos estamentos ordeiros da cidade do apóstolo. Um medo possivelmente justificado já que do aparentemente inocente acto participam os elementos mais avançados do movimento democrático compostelano integrantes os mais deles das fileiras da milícia nacional, o corpo de voluntários liberais. Pouco sabemos da vida de Sánchez Deus em Compostela. Apenas que a família de sua nai fora proprietária do famoso Mesom de Deus, em Ordes, o local onde fora preso Porlier. O pai era liberal e morre sendo Leonardo um rapaz que acaba de começar os seus estudos de direito na universidade. A morte do pai obriga-o a abandonar os estudos e a pôr-se a trabalhar impartindo aulas de latim. A sua implicaçom política no campo da democracia obriga-o ao exílio. Em 1856 passa a Madrid e de ali a Itália onde se alista nas fileiras do exército piamontês. Nesse primeiro confronto militar destaca pola sua valentia e remata a campanha com o grao de tenente adscrito ao estado maior do general Avenzana. Mas Sánchez Deus nom é apenas um soldado, é um revolucionário. Chegam-lhe novas da expediçom de Garibaldi a Sicília, a Spedizione dei Mille, tenta somar-se a ela mas nom consegue ir no primeiro contingente que desembarca em Marsala em 5 de Maio de 1860. Será no mês seguinte em Palermo quando se incorpore ao exército de Garibaldi. A partir desta data a vida de Leonardo ficará unida à do Heroi dos dous mundos. Combatirá doravante sob a camisa vermelha que nom abandonará nunca. No 1862 participa da batalha de Aspromonte, aquela em que os camisas vermelhas fôrom derrotados e o seu general caiu ferido. Leonardo passa por um campo de prisioneiros e ao ser libertado passa a acompanhar Garibaldi no seu retiro em Caprera. Sabemos que durante este tempo mantém contacto coa península ibérica, mesmo visita Madrid em 1863, mas será em 1864 quando acompanhando Garibaldi no seu caminho a Inglaterra aproveite para desembarcar em Gibraltar supostamente com a intençom de participar numha insurreiçom revolucionária. Nessa ocasiom é detido. Nom sabemos que passa pola mente de Sánchez Deus na altura, a que assédio se veria submetido, para que tente suicidar-se cravando-se até três vezes a sua própria faca no peito. Umha vez recuperado, nesse mesmo ano 1864, Leonardo volta por última vez à sua cidade natal. Manuel Murguia conta-nos que é pouco o tempo que passa em Compostela. Aproveita para ver a sua família e causa escándalo na cidade de ambiente clerical passeando polas suas ruas com a farda de oficial piamontês baixo o que asoma desafiante a camisa vermelha que o delata como garibaldino. Pronto abandonará Compostela, à que já nom voltará, e prévio passo polo Porto marchará de novo até Itália. Os últimos anos da vida de Sánchez Deus som escuros. Apenas sabemos que se instala em Florença onde fai parte do ambiente político esquerdista, em que começa a notar-se a influência da recentemente constituida AIT. A última notícia que temos dele é que no ano 1871 está recluído num hospital psiquiátrico florentino onde publica umha revistinha intitulada Il Sottopancia. Nesse hospital é onde falescerá em 1872.