Já está para sair do prelo umha nova ediçom da agenda da Gentalha do Pichel e desta volta vém com algumha novidade. Após vários anos com a Comissom de meio natural ao leme, neste 2020, ano no que o Dia das Letras homenageará a Ricardo Carvalho Calero, decidimos conceder a temática da agenda ao movimento social ao que mais e melhor tem contribuído esta destacada figura da cultura galega: o reintegracionismo. Com elaboraçons teóricas que apostavam inequivocamente pola reintegraçom da ortografia do galego à do português, Carvalho Calero nom só argumentou a sua tese em base ao estudo sistemático da língua mas também foi capaz de elaborar umha proposta normativa permitindo a correspondência entre a dimensom teórica e a prática. Porém, o legado do autor vai muito além dos seus contributos ao movimento reintegracionista. Combatente antifascista, encarcerado polo franquismo, republicano e nacionalista, foi condenado ao ostracismo durante a ditadura, mas isso nom impediu que o ferrolano cultivasse umha extensa obra de ensaio, narrativa, teatro ou poesia e que se convertesse no primeiro Catedrático de Língua e literatura galega. Caberia pois perguntar-se como um autor com tam dilatada obra e indiscutíveis achegas à normalizaçom, normativizaçom e estudo da nossa língua suscitou tantas reticências por parte da Real Academia Galega para ser homenageado no Dia das Letras. Caberia perguntar-se por que após em 2007 a Fundaçom Artábria iniciar umha campanha para solicitar formalmente que em 2009 se homenageasse a Carvalho Calero, as negativas por parte da RAG forom constantes. E tristemente todas as respostas parecem apontar à opçom ortográfica defendida por Carvalho Calero, opçom explicitamente criticada por parte desta instituiçom que constitui o maior exponente do isolacionismo linguístico e da castelhanizaçom do nosso idioma. Porém, as recusas da RAG nom impedirom que o movimento reintegracionista mantivesse viva a memória de Ricardo, nom apenas mediante a divulgaçom da sua obra ou a organizaçom de homenagens populares mas também, e sobretudo, contribuindo a estender as suas teses, empregando e estudando a norma reintegracionista, enfrentando-nos às críticas de quem nos di “escreves raro” ou “estamos na Galiza, nom em Portugal”, levando o NH, o LH e o -çom a cada recuncho no que dúzias de ativistas pola língua podemos chegar, em definitiva, contribuindo a normalizar a nossa língua no padrom que lhe é próprio. Esta agenda pretende ser um guia para alargar a nossa prática reintegracionista, conhecer as múltiplas vozes que desde a organizaçom política, a música, a literatura, o ensino, o comércio , a arte…entendemos o galego como língua extensa e útil. Porque as de abaixo, as ativistas pola língua, as militantes dos movimentos sociais, as que trabalhamos sem amparo e sem corseletes institucionais, homenageamos a Carvalho Calero todos os dias. 79633626_2488295561440830_6515745239511072768_n