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A muitas pessoas, talvez tu, pode custar entender a aparente contradiçom que nos leva a defender os nossos direitos como utilizadores do galego e, ao mesmo tempo, o dever de outros de utilizar também esta língua. “Se queredes usar o galego, porque tentades impor a sua língua ao outros? Se todos falássemos e escrevêssemos o que quigéssemos nom haveria problema nengum”, talvez dixesses algumha vez. Assim dito, como regra universal, soa bem, mas transferida à realidade nom é tam simples.

Talvez sejas falante de castelhano e fales galego sem problema nalgumhas ocasions, quando pretendes ganhar a simpatia de algum avô ou seduzir um galeguista. Ora bem, também sabes que, se por algumha razom, nom te sentisses cómoda na tua língua de adopçom, poderias voltar ao castelhano sem mais. Porquê? Porque sabes que o teu interlocutor vai entender a tua língua sem problema. Porque, ainda que nom saibas, nós temos o dever de dominar a tua língua.

No nosso caso é diferente. Cada vez que encontramos umha pessoa que nom conhecemos ficamos com umha dúvida dentro de nós. “Será que devo dirigir-me a ela em galego?”, pensamos. Se ainda por cima, depois da primeira troca de palavras, notamos que essa pessoa nom tem um acento claramente galego, cada vez mais habitual, podemos ter dúvidas em relaçom à sua origem e duvidar em relaçom à nossa cortesia. Se, polo contrário, notamos que essa pessoa é bem galega, talvez surjam outras dúvidas, como por exemplo que tipo de vocabulário devemos usar. Se poderemos falar a nossa língua corretamente, assim, abertamente, como fás tu em castelhano. Nom é nada fácil. Pedir pescada na peixaria? Pedir ameixas na frutaria? Pedir um subsídio na admistraçom? “Nom sei, depende do dia, hoje nom, amanhá falarei melhor.” Som dúvidas que nos assaltam todos os dias, porque, ainda que nom saibas, vós nom tendes o dever de dominar a nossa língua.

Os direitos só existem porque também existem deveres e este é um bom exemplo. Se tu nom tés a obrigaçom, eu nom terei o direito. Por enquanto, os direitos estám mal concedidos, por isso, hoje em dia, só há pessoas realmente bilíngües entre os galego-falantes.

O primeiro ámbito onde esta assimetria deve ser corrigida é no ensino. Nele vam-nos ensinando que o castelhano serve e que o galego nom deixa de servir. Com o castelhano podemos falar na casa, na rua, em qualquer estabelecimento comercial, com quem nom sabemos se nos entende ou nom, fora da Galiza, fora de Espanha… Com o galego tam só se pode falar com muitas pessoas galegas, mas sem passar-se, que pode haver alguém que nom entenda. E no mundo? Para o mundo, como para a casa, já temos o castelhano. Talvez a Iniciativa Legislativa Popular (ILP) Valentim Paz Andrade, que vai ser discutida daqui a pouco no Parlamento e que tentará normalizar a situaçom do ensino do português na escola galega, venha a corrigir isto um pouquinho. Na Gentalha fazemos votos porque assim seja.