O anúncio feito polo cabido e a Fundaçom Catedral de Santiago da intençom de começar a cobrar pola visita ao recentemente restaurado Pórtico da Glória obriga-nos, como associaçom cultural compostelana, a manifestar a nossa contrariedade.
Poderíamos argumentar que a maior parte da multidom de bens que formam o imenso património histórico-artístico da igreja compostelana deveriam ser de domínio público, mas somos bem conscientes que essa legítima reivindicaçom dista muito de ter algumha oportunidade de se converter em realidade num futuro próximo. Porém, para além da questom da efetiva propriedade legal de tal ou qual bem, medidas como as anunciadas nom contribuem em nada para favorecer a identificaçom e afeto da vizinhança de Compostela a respeito destes bens patrimoniais.
A nossa cidade, ou melhor dito, as pessoas que vivemos nela sofremos os efeitos derivados da especial riqueza patrimonial que atesoura. Umha portagem que se traduz numha legislaçom urbanística específica e no impacto derivado da recepçom dumha imensa multidom de visitantes, umha portagem que causa notórias incomodidades a quem pretende viver na cidade e que raramente é compensada.
Nom se trata apenas de questionar a decisom de limitar e cobrar às visitas ao Pórtico, senom de refletir sobre como se está a perverter o próprio conceito de património. Como som as pessoas que a diário convivem com ele, as que supostamente som as possuidoras reais, nas últimas em que se pensa na hora de planificar o seu acesso e desfrute.
Por este motivo da Gentalha do Pichel consideramos que o mais justo seria aplicar umha medida de discriminaçom positiva com a vizinhança de Compostela excluindo-a do pagamento das visitas, entendendo isto como um incentivo para a identificaçom das pessoas que moramos nesta cidade com o seu património e como reconhecimento implícito dumha necessária compensaçom polas pejas que temos que suportar por viver num meio com um elevado impacto turístico.