O QUE ACONTECE COM A NOSSA CIDADE?
As turistas chegam, vem e marcham. Fam-no a milhares e a cada vez estám mais perto de ser o sujeito principal em que se baseará a vida social e económica da nossa cidade.
A zona velha já deixou de ser um espaço para a vizinhança compostelana e por diversos bairros agromam pisos turísticos ilegais que, ademais de lucrar-se de jeito irregular, criam problemas de convívio e transformam a vida na cidade.
Ademais, a especulaçom imobiliária está à espreita. As proprietárias de imóveis começam a calcular que será mais rendível o alugueiro para turistas do que para o estudantado ou a vizinhança compostelana. Os pisos bons reservam-se para os turistas, enquanto os mais velhos som para a gente jovem, que sofrem ademais o incremento dos preços produto da especulaçom imobiliária. Todo isto cria as condiçons ótimas para que estudantes e classes trabalhadoras fiquem expulsas do centro urbano.
Se isto acontece nos espaços privados, o espaço público está a ser objeto visível de massificaçom e privatizaçom. As praças enchem-se de terraços, passando o espaço público a ser fonte de exploraçom das empresas hoteleiras, um sector que virou fulcral na economia compostelana e em que se disparam os níveis de precariedade laboral. Por outra banda, a massificaçom, ademais da dificuldade de mobilidade, exprime-se também numha contaminaçom acústica e ruídos em horários de descanso da vizinhança.
A turistificaçom agride também a nossa língua, a nossa cultura ou a nossa identidade como galegas. Passear polas zonas mais turistificadas da zona velha de Compostela é constatar a desapariçom do galego e a presença de cardápios em espanhol, inglês e outras línguas do mundo. As lojas de souvenirs, ademais de merchandising religioso e do Caminho de Santiago, mostram umha visiom folclorizada da nossa cultura, com bruxas, queimadas, elementos de duvidosa influência céltica ou trajes ‘tradicionais’.
A TURISTIFICAÇOM EM NÓS
Conhecer outras culturas, ter experiências noutros países, mover-se polo mundo… som atividades que semelham imprescindíveis para umha cidadá cosmopolita do século XXI. Para quem conta com liberdade de circulaçom há linhas aéreas low-cost, estabelecimentos hoteleiros com ofertas especiais ou viagens já totalmente programadas com todos os lugares que a indústria do turismo considera de imprescindível visita. Viajar converte-se em consumir um espaço. Os lugares turistificados e as suas identidades convertem-se em objetos uniformizados para o seu consumo por pessoas ávidas de experiências, despreocupadas polo efeito que o seu passo polo lugar pode gerar nele.
Este nom é um rol do que nos vejamos isentas quando visitamos outros lugares. Para a indústria turistificadora, qualquer umha de nós pode resultar rendível se nos adaptamos às opçons de consumo que nos oferece. Também, a total mercantilizaçom do espaço urbano provoca que parte da populaçom dos lugares turistificados veja isto como a forma a partir da qual conseguir ingressos económicos. Ademais da já citada precariedade na hotelaria, aparecem pequenas iniciativas empresariais ou especuladoras que procuram tirar proveito do fenómeno turístico, nalgumhas ocasions como sustento económico e noutras como lucro.
A turistificaçom nom só nos rouba o espaço público e a convivência, mas também as ideias e as energias para criarmos laços de cercania, em comunidade e afastados do mercado.
DEFENDER A CIDADE
Luitar contra a turistificaçom é luitar por recuperarmos a cidade. Por fazermos de Compostela um lugar habitável para as que queremos desenvolver aqui as nossas vidas, as que nom vimos só para abraçar o santo e subir selfies às redes sociais. Defender Compostela da turistificaçom é defender o nosso direito à cidade. Umha cidade sustentável ecológica e economicamente, com ruas de uso público, que respeite o direito à vivenda de todas as suas habitantes… um modelo mui afastado dos planos da Junta da Galiza e do Concelho de Santiago.
Da Gentalha do Pichel queremos criar um espaço próprio do qual analisar esta realidade e as mudanças que estám a provocar na nossa cidade e nas nossas relaçons vizinhais. Nom temos que irmos muito longe, pois perto de nós agromárom nos últimos anos albergues para peregrins e alojamentos turísticos ilegais.
Ademais da reflexom, achamos também importante agir com a criaçom de um discurso público e atividades na rua. Umha açom que pode começar do mais cercano a nós para ir procurando alianças com mais vizinhas da cidade e espalhar a ideia de umha outra forma de viver a cidade.
E este trabalho apresenta urgência, pois ademais de todas as problemáticas expostas estamos às portas de um macroevento que pretende converter o nosso país numha maquina de atrair turistas, com o casco velho de Compostela como epicentro: o Jacobéu 2021. Se nom queremos ver a nossa cidade varrida polo consumo e o mercado cumpre organizar-se.