A começos do ano 2018 botava a andar o Observatório de igualdade da Gentalha do Pichel como organismo interno encarregado de garantir a deteçom e eliminaçom de violências machistas dentro do local social e nas interaçons que nele se produzem assim como de abrir um espaço de debate e reflexom interno que nos permitisse artelhar estratégias de trabalho feminista.

Em linha com isto, umha das primeiras necessidades que percebemos foi a de fazer um diagnóstico o mais detalhado possível das desigualdades e/ou situaçons de violência e opressom patriarcal que se estavam a dar no centro social.

Para o devandito cometido, organizamos um sistema de inquéritos anónimos nos que tanto ativistas como usuárias habituais do espaço, devíamos responder a um conjunto de ítems que nós tomamos como indicadores.

Estes inquéritos desenvolverom-se durante os meses de novembro e dezembro e a análise dos resultados realizou-se o passado mês de janeiro.

Umha vez debatidos e analisados conjuntamente em assembleia do Observatório, queremos trasladar-vos as seguintes resutados:

  1. Do total de respostas, 73% identificárom-se como mulher, 22% como homens e 5% como outras identidades.

  2. A maioria de pessoas que respostaram como utentes corresponde-se com alunado dos cursos, seguido por pessoas que frequentam o centro social para acudir a reunions doutros coletivos.

  3. Maioritariamente considera-se que há formaçom específica em género e que o local é um espaço seguro mas é susceptível de melhora na gestom de conflitos de género.

  4. No referido às sócias ativas, o número de respostas foi baixo.

  5. Polo geral, nom se referem grandes sesgos de género entre as ativistas mas sim se pode apreciar no ítem referido à “carga mental”. Neste, um maior número de mulheres manifestou ter-se sentido depositária de tarefas/responsabilidades que inicialmente nom assumira e mostra-se umha maior tendência a elas prepararem as reunions com antelaçom.

  6. No tocante às comissons, responderom de jeito coletivo três das seis comissons ativas no momento de realizar os inquéritos.

  7. Na análise coletiva, volve a repetir-se a tendência individual de terem as mulheres mais carga mental manifestada em preparar a ordem do dia e levar o peso das reunions ou realizar lembretes de tarefas pendentes.

  8. Conserva-se também certa divisom sexual de tarefas através duns resultados que confirmam que a presença de mulheres em jornadas de bricolagem e obras ou em tarefas de desenho digital é baixa.

  9. Sinalar que o inquérito apresentou alguns problemas de caráter técnico (perguntas de resposta múltipla que nom permitia mais de umha resposta ou perguntas que obrigavam a responder). Aliás, há ítems difíceis de valorar pois som questons que variam muito no tempo e mesmo som subjetivas. Teria sido ótimo ter provado o inquérito previamente com umha mostra que permitisse validar as perguntas antes de fazê-las públicas.

Em síntese, os inquéritos servirom-nos para trabalhar dous grandes aspectos:

  1. Permitiu-nos constatar mediante dados contrastados com utentes e ativistas os principais aspectos a melhorar para criarmos um espaço seguro e igualitário, a saber: dotar-nos de protocolos para a gestom de conflitos derivados da violência machista e desenhar um plano de actuaçom que permita reverter a tendência à divisom sexual de tarefas militantes, incluíndo as relativas à carga mental.

  2. Analisando o baixo número de respostas aos inquéritos por parte de ativistas e incluso de três das seis comissons, preocupa-nos que a igualdade nom seja  ainda um eixo prioritário para o conjunto das pessoas que conformamos este projeto.

  3. Embora detectamos erros na formulaçom dalgumhas questons, foi um primeiro passo na adoçom de ferramentas sistemáticas que, mediante dados objetivos e contrastados, nos permitem fazer um diagnóstico da realidade mais amplo que o derivado das sensaçons ou casuísticas individuais do núcleo ativista.

 

Por todo isto, do Observatório de Igualdade seguiremos a trabalhar os aspectos sinalados co objetivo de que a Gentalha seja nom apenas um espaço seguro para todas mas também um projeto aliado e ativo partícipe da luita feminista.

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