Para este atípico dia de véspera de Defuntos tínhamos preparadas umha série de atividades que finalmente, pola situaçom sanitária na que nos atopamos, tiverom de ser canceladas.
Achegamos um textinho arredor de Defuntos, cabaças e Samhain -autoria da Comissom de História- com o que queriamos contextualiza-las.
No século VIII a festa cristiá em honra de todos os santos –que se vinha celebrando desde o s. IV- fixa-se em Inglaterra no primeiro de novembro com o nome de Todos os Santos. Um século depois já se propagara por todo o império carolíngio. Desta festa cristiá e, com certeza, da sua mestiçagem com outras pré-cristiás, resultou na Galiza a celebraçom de Defuntos e também o Magusto. Castanhas, lume, cabaças e defuntos envolvem-se na festa por excelência de Outono, que de outra beira do Atlântico chamam Halloween; festa que nos últimos anos, paradoxalmente, se celebra também na nossa Terra, com o sucesso do indiano que volta rico da emigraçom.
AS ÂNIMAS E O LUME. Na cultura tradicional galega a relaçom entre mortos e vivos é tam intensa que os defuntos continuam a serem sujeitos ativos e sensíveis da comunidade, cuja opiniom é mui importante ter em conta. Os mortos habitam o nosso mundo. As alminhas conhecem-se pola luz, polo ar, e por certos animais. A apariçom em forma de luz é a mais habitual, também a da avelainha, inseto que procura a luz. Vicente Risco lembrava um formoso conto irlandês, que bem poderia ser galego, no que se lhe di a umha pessoa que vai matar umha avelainha: “E como sabes que nom é a alma do teu avô?”.
AS CAVEIRAS DE CABAÇA . As caveiras de cabaça faziam-se com nabos, melons dos porcos, cabaça ou olas de barro velhas. Talhavam-se-lhe os olhos, nariz e boca de umha caveira e transformava-se em lâmpada pondo-lhe umha vela dentro. Colocavam-nas em tempo de Defuntos nas corredoiras, hórreos, cemitérios, encruzilhadas…, para susto dos despistados e alegria da rapaziada, principal protagonista desta diversom. A tradiçom do talhado de caveiras de cabaça por Defuntos recuperou-se mui rapidamente nos últimos anos, de Cedeira ao resto da Galiza, graças à vontade e trabalho da AC Chirloteiro, que a resgatou do esquecimento. À festa dêrom-lhe o nome gaélico de Samhain.
BANQUETES FUNERÁRIOS E CASTANHAS. O Magusto nom deixa de ser, como sinalou Manuel Murguia, um banquete funerário, como os que proibiram os Reis Católicos, sem muito sucesso, em 1483 no Reino da Galiza, mas nom por um defunto em concreto, senom por todos. Na Galiza tradicional em toda essa época à que se lhe chama de feito genérico o Inverno, incluindo o Outono, encontramos elementos carnavalescos. A sexualidade, que está no centro do carnavalesco, ressoa também com força no Magusto. É, como no banquete fúnebre o unas outras bromas de velório, o triunfo da alegria sobre a tristura, da vida sobre a morte.