“Ainda que vivim pouco, muito sonhei”  

Esta frase de Carvalho Calero pode resumir mui bem este 2020 que vem de finalizar. As vivências que tivemos neste duro ano nom forom muitas. As poucas atividades que pudemos levar avante polas necessárias restriçons para afrontar a pandemia repousam na memória deste coletivo pois nom abundárom ao longo destes 9 meses que levamos vividos dumha maneira que nunca imaginamos, mas ajudárom a manter vivo o nosso débil pulso: as aulas online permitirom-nos continuar a aprender desde a casa, as foliadas na cozinha ajudárom a distrair-nos durante o confinamento, a Universidade Popular conseguiu juntar-nos de novo nas saídas e roteiros, etc.  

A pandemia também freou a atividade das comissons de trabalho, impossibilitou-nos celebrar eventos já consolidados no ano como a Festa do Dezassete, a cacharela do Sam Joam ou o guateque de Inverno, e impediu homenagear como se merece o ano Carvalho Calero.  

O confinamento e as restriçons de capacidades tenhem posto numha situaçom mui precária a todo o seitor cultural da cidade nom ficando isentas disto. A pandemia afectou de cheio à linha de flotaçom da nossa associaçom cultural e o centro social, pondo em risco a sua viabilidade económica, afetando enormemente o decorrer das aulas dos nossos cursos, impossibilitando o mantemento do posto da pessoa trabalhadora, reduzindo ao mínimo a nossa programaçom cultural.

Mas também recebemos um forte alento de toda essa gentalha que estades por trás e que definides o que somos. Queremos agradecer de novo ao professorado que nom duvidou em buscar o jeito de manter as aulas e logo adaptar as ensinanças e os ritmos às lotaçons, ao alumnado que mantivo a matrícula desde a distáncia e que depois confiou nos protocolos e medidas tomados no CS, às associadas que mantivestes ou mesmo incrementastes a quota, às pessoas que acudirom às poucas atividades que fomos capazes de levar avante, às anónimas que decidisteis colaborar economicamente comprando material ou fazendo umha achega oferecendo-nos umha bolha de oxigénio para continuar a resistir. A todas vós, OBRIGADAS.

Mas durante estes meses também sonhamos, como levamos fazendo desde a posta em marcha deste projeto cultural e como leva feito o movimento popular e associativo da cidade (é de sinalar como em tempos tam escuros e difíceis como os que nos tocou viver a escola popular de ensino em galego que ajudamos a criar acadou o financiamento necessário para fazer-se com um prédio no que centralizar a escola de infantil e primário), fazendo-nos manter a tensom e os nossos hábitos de trabalho que preparam o caminho dos novos e ambiciosos -tendo em conta as nossas possibilidades- projetos que venhem.

Os nossos grandes sonhos de mudança e transformaçom social do País, de recuperaçom e valorizaçom do galego, de superaçom do atual modelo económico depredador, da igualdade efetiva entre mulheres e homens, continuam, se cabe, mais presentes que nunca.

Porém, também temos anelos mais humildes como recuperar a nossa atividade habitual, degustar os petiscos do bar, demonstrar nas foliadas que sabemos os pontos que as profes nos tenhem aprendido, desfrutar da música ao vivo das bandas emergentes galegas, despedir o Esteban com a festa que se merece, saltar de novo o lume na noite do 23 de junho, e um longo etcétera. Se estamos mais perto de consegui-lo é graças a todas vós.