Da Gentalha do Pichel levamos um tempo olhando com preocupaçom como o bairro no que se situa desde há 18 anos o nosso Centro Social está a sofrer um processo de degradaçom que nom semelha deter-se.

Os roubos e incluso asédios às trabalhadoras e ativistas do local virou-se umha constante nos últimos meses e na recente assembleia geral da Gentalha, este foi um ponto a tratar de máxima prioridade.

Entendemos que as causas deste fenómeno se encontram num contexto socioeconómico dominado pola brutalidade neoliberal que arrasta à miséria e à exclusom social àqueles setores mais vulneráveis da classe trabalhadora.
E isto vê-se agravado numha cidade que se entregou sem condiçons ao acolhemento dum número cada vez mais abrumador de turistas enquanto as vizinhas somos expulsas por nom podermos acceder aos desorbitados preços da vivenda.
O nosso bairro nom é alheio a isto. Contrastam casas abandonadas com albergues, hostels e apartamentos de airbnb. Tendas de bairro fecham enquanto inauguram cadeias de supermercados com convénio de “gasolineiras” para abrirem em horários impossíveis. E assim o bairro vai-se desumanizando e virando hostil para as que nel moramos ou nel fazemos vida dalgum jeito.

Com todo, também sabemos que somos um bairro alegre, ativo e rebelde, com um movimento vizinhal que nom só foi capaz de recuperar as suas festas tradicionais trazendo-as ao presente senom também de acolher, sem qualquer conflito de convivência e durante quase duas décadas, um centro social com umha agenda social galega, de esquerdas e feminista.

Por isso alçamos hoje a voz, para reivindicar esse bairro do que nos orgulhamos, o bairro de gente trabalhadora, de vizinhas que nos saudamos e nos ajudamos se temos um problema, de ruas com crianças a jogar e de velhos a pasear, de ruas nas que caminhar tranquilas.
E igual que denunciamos a miséria económica à que nos condena o capitalismo, também rechaçamos a miséria moral de quem, amparando-se na pobreza ou na marginalidade, rouba, abusa e atemoriza às da sua mesma classe.

Nom imos ficar nem quietas nem caladas ante este tipo de agressons individualistas e insolidárias dirigidas contra quem nom estamos nem queremos estar blindadas polas grandes empresas de segurança ou pola vigiláncia policial.

Por isso nom vamos reivindicar mais polícia no nosso bairro nem mais videovigiláncia mas sim vamos continuar a tecer rede, a proteger-nos coletivamente e sobretodo a fazer que as que queremos umhas ruas vivas e livres sejamos maioria.