O carro de Conjo. As invasons bárbaras do Entruido compostelano (1875-1894)
“El Martes de Carnaval vinieron el carro de Conjo, el de Puente Pedriña y el de Santa Marta, revestidos de ramos de acácia, laurel y conduciendo varias tribus de turcos y aun de turcas.
Cada cual ostentaba en la trasera un espantajo en representación del Dios Momo. Este maniquí, carnaval ó Antroido (según el dialecto del pais) vestia en el carro de Conjo uniforme de soldado español.
¡Vaya unas bromas se gastan los rurales del ayuntamiento vecino!
Ya sabes que los Cortesanos de estos reyes de paja, que tanto los veneran y adulan en su trayecto por las calles, les dan un puntapié quemándolos en seguida, asi que tornan á la aldea”
El Diario de Santiago, 15/02/1875
Carvom, jugos e frechas. A configuraçom franquista das cavalgadas de Reis
Neste texto explicamos como a celebraçom dos reis Magos era apenas um reclamo comercial -residual- antes do 36 e completamente alheia às casas das classes populares compostelanas. Por sua vez, a celebraçom observável na atualidade, um produto franquista que chega até os dias de hoje.
Pequena reflexom sobre o ano 2020
CIÊNCIA, LUCRO E COVID
A seguir, disponibilizamos um texto da Comissom de Cultura científica reflectindo sobre o papel das vacinas e dos poderes económicos no contexto de pandemia actual.
[Disponível também em Issuu]
A ciência, o lucro e a COVID
O ethos, ou etos, é um conceito sociológico que se refere ao conjunto de características ou valores de determinado grupo de pessoas. Este conceito tem o seu uso específico em disciplinas como a filosofia, a arte, a linguística ou a antropologia, e variaçons no seu significado ao longo da história. Mas é um conceito interessante em ciência, pois implica que as normas da ciência, para além de serem eficientes na produçom de conhecimento fiável, som também prescriçons morais.
Unha das características deste ethos é o universalismo, é dizer, entender a ciência como umha construçom de todas as científicas e científicos, independentemente da nacionalidade, cultura, raça ou género das mesmas. Outra é o desinteresse, ou a preocupaçom da comunidade científica por acrescentar o seu conhecimento, sem atençom polo lucro. Mais umha: o comunitarismo, entendido como a obrigatoriedade de partilhar o conhecimento científico, para favorecer o debate e a investigaçom.
Isto dizia J. Ziman (1) a finais do século passado, nas suas obras sobre filosofia da ciência, personagem por certo nada susceptível de ser identificado como um radical esquerdista.
Som conhecidos os efeitos perversos de juntarmos investigaçom científica e interesse capitalista. Para além do exemplo armamentístico, as falsificaçons de resultados em investigaçons devidas a pressons de investidores tenhem sido infelizmente notícia nos meios (2). Som mal vistas socialmente, mas nom o estám a ser tanto as práticas que tenhem lugar naa produçom das diferentes vacinas para a COVID-19.
Assistimos a, por umha parte, umha ridiculizaçom das vacinas produzidas em países como Cuba, Rússia e China, com exemplos que raiam no racismo quando nom o abraçam abertamente. Por outra, ao lucro mais infame, tirando proveito dumha desgraça que já conta por milhons as suas vítimas. A farmacéutica Pfizer rejeitou ajudas públicas de distintos países durante a pandemia, pois estas obrigavam a empresa a oferecer garantias de abastecimento e preço na venda posterior. Preferiu nom aceitá-las para ter as maos livres à hora de vendê-la e fixar as suas estratégias para maximizar benefícios em plena pandemia mundial. Por nom falar dos processos de especulaçom associados: um diretivo da Pfizer vendeu o 60 % das suas açons, ganhando 4,7 milhons de euros dias depois de anunciarem os resultados positivos da sua vacina (3).
Perante isto, a dependência do setor privado nos países ocidentais é total. Por colocar um exemplo: o orçamento anual do Consejo Superior de Investigaciones Científicas no estado espanhol nom atinge os 370 milhons de euros anuais (4). O investimento de Pfizer na sua vacina é de 2000 milhons (5). Só por comparar, o investimento em gasto militar do estado espanhol é de 20 000 milhons (6). Nom é que a privada funcione melhor, é que as iniciativas públicas estám a ser afogadas orçamentariamente para favorecer o lucro privado. O resgate bancário custou no estado, por certo, 60 000 milhons de euros (7). Quando as empresas privadas fracassam na sua gestom, também o pagamos entre todas.
Este desmantelamento do setor público vemo-lo dia a dia na saúde e no ensino, onde se reduzem investimentos nas estruturas públicas para favorecer a parasitaçom que exercem as empresas privadas. O exemplo das residências de maiores é paradigmático na Galiza, responsável da perda de muitas vidas desde que começou a pandemia.
Compre pôr em questom o sistema de patentes, a dependência nas nossas sociedades das farmacéuticas privadas e, sobre todo na situaçom atual, denunciar a imoralidade dos que se pretendem lucrar das desgraças de todas. Compre também valorizar os esforços de quem age internacionalmente com valores de solidariedade por cima dos do lucro.
Nom podemos, mais bem ao contrário, renunciar à vacinaçom. De facto, a situaçom actual permite-nos albiscar as incerteças e angústias dum mundo sem vacinas. Mais bem precisamos reivindicar a vacinaçom e os avanços científicos para o benefício social, nom só quando o benefício social coincide com os interesses capitalistas. A postura pró-científica nom é em nengum caso um alinhamento com esses interesses, mas reivindicar a ciência ao serviço dos interesses populares.
E fazê-lo desde a reivindicaçom dos valores dumha prática científica universal, desinteresada e comunitária. Para que uns poucos deixem de aproveitarse do que é de todas.
(1) Ziman, John (1976). The Force of Knowledge: The Scientific Dimension of Society. Cambridge University Press. ISBN .
(2) https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/10/19/pesquisador-de-harvard-e-acusado-de-falsificar-resultados-com-celulas-tronco-por-anos.ghtml
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2009/10/091026_coreanoclonescondenafn
(3) https://www.dn.pt/dinheiro/ceo-da-pfizer-vende-60-das-suas-acoes-e-ganha-47-milhoes-13027135.html
(4) Orçamentos Gerais do Estado 2017
(5) https://www.elmundo.es/economia/2020/11/11/5faae9b3fdddff2b7d8b45a2.html
(6) https://www.publico.es/politica/gasto-militar-espanol-volvera-superar-ano-20000-millones-euros.html
(7) https://cincodias.elpais.com/cincodias/2019/11/20/companias/1574245470_048581.html
re-anima-te! dicas de vida e morte para a saúde coletiva
Iniciaçom à Dança Malinké (Curso Virtual)
- Quando? sábado 12 de dezembro de 12h a 13h.
- Quem imparte? Tania Veiga. Tens mais informaçom sobre ela, sobre a dança e sobre a sua Escola em www.DanzaTaniaVeiga.com
- Formato virtual em directo. Passaremos-te a ligaçom a través da qual poderás seguir a aula.
- Preço? À vontade.
- Inscriçons em cursos@gentalha.org ate o dia 10.
Esta é umha masterclass de Dança Malinké que oferecemos em streaming e em directo para que todas podamos bailar desde as nossas casas. Com esta aula temos vários propósitos: além de presentar a Dança Malinké e de que a goces na tua pele, queremos passar umha horinha coidando-nos e divertendo-nos por méio do baile. A Dança Malinké, carrega-nos as pilhas e como toda as danças, melhora o nosso sistema imunitário; uns bons ingredientes para estes tempos.
O nosso interesse com esta máster nom remata em ti, senom que se amplia ao colectivo. Com a tua achega estás ajudando a que este centro social independente, A Gentalha do Pichel, poda continuar com a sua labor, em tempos nos que as medidas que venhem limitando as nossas vidas actualmente, afectam enormemente a espaços como o nosso. Assim que com a tua achega segues a alimentar unha cultura viva, plural e para todas.
- Para goçar desta masterclass precisas:
- Roupa cómoda para mover-te com liberdade.
- Água para re-pôr líquidos, porque normalmente suamos bastante.
- Um espaço aproximado de 2m x 2m
- Móvel, tablet ou computador conectados a Youtube.
- Recomendamos uns bons altofalantes.
As persoas assitentes nom ides ter vídeo nem micro, assim que as que tenhades mais vergonha estades mui coidadinhas. Si tendes dúvidas poderedes escrever no chat.
Se gostas da masterclass, a Dança Malinké e a sua forma de ensinar, podes seguir bailando com Tania nas suas Aulas Regulares, tanto Presenciais coma em linha. Aqui tens mais informaçom: www.DanzaTaniaVeiga.com/cursos
Se precisas da Gentalha, a Gentalha precisa de ti
É por isso que se precisas da Gentalha, a Gentalha precisa de ti.
Como fazê-lo?
Se já eres sócia e podes subir a tua quota, nós poderemos afrontar às despesas mensais.
Se nom és sócia mas pensaches em sê-lo, agora é um bom momento.
Se queres fazer umha achega pontual podes fazê-lo na conta da associaçom: ES10 0081 0499 60 00014 11744
arredor de defuntos, cabaças e samaim
Para este atípico dia de véspera de Defuntos tínhamos preparadas umha série de atividades que finalmente, pola situaçom sanitária na que nos atopamos, tiverom de ser canceladas.
Achegamos um textinho arredor de Defuntos, cabaças e Samhain -autoria da Comissom de História- com o que queriamos contextualiza-las.
No século VIII a festa cristiá em honra de todos os santos –que se vinha celebrando desde o s. IV- fixa-se em Inglaterra no primeiro de novembro com o nome de Todos os Santos. Um século depois já se propagara por todo o império carolíngio. Desta festa cristiá e, com certeza, da sua mestiçagem com outras pré-cristiás, resultou na Galiza a celebraçom de Defuntos e também o Magusto. Castanhas, lume, cabaças e defuntos envolvem-se na festa por excelência de Outono, que de outra beira do Atlântico chamam Halloween; festa que nos últimos anos, paradoxalmente, se celebra também na nossa Terra, com o sucesso do indiano que volta rico da emigraçom.
AS ÂNIMAS E O LUME. Na cultura tradicional galega a relaçom entre mortos e vivos é tam intensa que os defuntos continuam a serem sujeitos ativos e sensíveis da comunidade, cuja opiniom é mui importante ter em conta. Os mortos habitam o nosso mundo. As alminhas conhecem-se pola luz, polo ar, e por certos animais. A apariçom em forma de luz é a mais habitual, também a da avelainha, inseto que procura a luz. Vicente Risco lembrava um formoso conto irlandês, que bem poderia ser galego, no que se lhe di a umha pessoa que vai matar umha avelainha: “E como sabes que nom é a alma do teu avô?”.
AS CAVEIRAS DE CABAÇA . As caveiras de cabaça faziam-se com nabos, melons dos porcos, cabaça ou olas de barro velhas. Talhavam-se-lhe os olhos, nariz e boca de umha caveira e transformava-se em lâmpada pondo-lhe umha vela dentro. Colocavam-nas em tempo de Defuntos nas corredoiras, hórreos, cemitérios, encruzilhadas…, para susto dos despistados e alegria da rapaziada, principal protagonista desta diversom. A tradiçom do talhado de caveiras de cabaça por Defuntos recuperou-se mui rapidamente nos últimos anos, de Cedeira ao resto da Galiza, graças à vontade e trabalho da AC Chirloteiro, que a resgatou do esquecimento. À festa dêrom-lhe o nome gaélico de Samhain.
BANQUETES FUNERÁRIOS E CASTANHAS. O Magusto nom deixa de ser, como sinalou Manuel Murguia, um banquete funerário, como os que proibiram os Reis Católicos, sem muito sucesso, em 1483 no Reino da Galiza, mas nom por um defunto em concreto, senom por todos. Na Galiza tradicional em toda essa época à que se lhe chama de feito genérico o Inverno, incluindo o Outono, encontramos elementos carnavalescos. A sexualidade, que está no centro do carnavalesco, ressoa também com força no Magusto. É, como no banquete fúnebre o unas outras bromas de velório, o triunfo da alegria sobre a tristura, da vida sobre a morte.